AS PRINCESAS DO VALE DO AMANHECER



As Princesas do Vale do Amanhecer


No Brasil Colônia enquanto os conflitos sociais agitavam a superfície dos males da alma e do corpo, o espírito prosseguia tranqüilo nas suas tarefas de reajustes. Nesse período surgiu o episódio das Princesas de Mãe Yara, reunidas na Cachoeira do Jaguar.
Havia sete espíritos de mulheres que haviam participado ativamente de muitas encarnações dos Jaguares. Numa dessas encarnações, elas haviam morado na cidade de Pompéia, situada no império romano havia sido um balneário, cidade recreio dos ricos romanos e, no período de decadência, se transformado em uma cidade cheia de vícios. Um dia, houve uma erupção do vulcão Vesúvio e Pompéia ficou coberta de cinzas envenenadas, letais. As sete moças morreram nessa tragédia e seus espíritos permaneceram no recolhimento e na revolta. Depois disso, elas encarnaram várias vezes, até atingir a evolução, conservando, ainda, os resíduos de seus compromissos, assumidos na vida leviana que haviam tido anteriormente e seis (6)Jurema e Juremá, Iracema, Jandaia, Janara e Iramar encarnaram como filhas de escravos e uma(1)Janaina numa família de colonizadores portugueses. Mesmo sem se conhecer, pois viviam em fazendas diferentes, elas tinham um traço em comum: não se adaptavam, não aceitavam a sua condição de crioulas escravas. A sétima moça, aquela que havia nascido como branca, também era inconformada com a vida daquele Brasil Colônia e, sempre que podia, procurava a senzala, para conviver com as escravas.
Então, tudo começou vibrar quando os dois grandes missionários Pai Zé Pedro e Pai João, resolveram agir no campo vibracional de nossa missão, com este imenso amor ouvindo e sentindo o céu, nos poderes de Vô Agripino que emitia aos mesmos toda luz do santo evangelho. 
Aos 14 anos Pai Zé Pedro e Pai João, que regulavam em idade, vieram no mais triste quadro em um navio negreiro para o Brasil. Eram duas personalidades com idéias transcendentais traçadas do céu...Então estes dois espíritos levaram em frente a sua obra: se prepararam nos planos espirituais e vieram para a Terra cumprir a sua missão, que seria em nossa última orientação a nova estrada do Jaguar na linha do amanhecer.
Vendidos por navios negreiros no Brasil Colônia se encontraram, pela força do seu compromisso, no Sul da Bahia. Então, juntos desenvolveram as suas faculdades mediúnicas. O senhor de Pai Zé Pedro era um homem muito bondoso, que ouvia o Grande Africano e amava as suas palavras. Chegando a se converter comprou também Pai João, deixando-os fazer na senzala o que lhes aprouvesse.
Na época as fugas das senzalas eram a forma que os escravos encontravam de se libertar dos senhores e não foi diferente com as “princesas”. Uma a uma, as crioulas foram fugindo de suas senzalas e, orientadas pelo plano espiritual, foram se encontrando numa determinada região. Nesse lugar havia uma cachoeira que escondia um ponto da floresta de difícil acesso, e lá elas estabeleceram seu lar. Pai João e Pai Zé Pedro, com o conhecimento da missão reservada para aqueles espíritos missionários, encobriam, com suas astúcias de velhos escravos, a escalada das crioulas. A branca e loura sinhazinha, estimulada pelos velhos laços espirituais, também buscou a companhia das crioulas. Certo dia, ela apareceu num barco e trouxe consigo uma enorme bagagem de objetos e alimentos. E, assim, a falange ficou completa. A região da cachoeira das crioulas passou a ser um local de encontro de escravos e escravas, que buscavam o lenitivo para sua vida de dores e sofrimentos. Os pretos velhos montavam guarda e usavam todo seu conhecimento da Magia para que os planos tivessem prosseguimento. Os atabaques percutiam nas noites de lua cheia e os escravos dançavam e cantavam. Aos poucos, a energia extra etérica foi se juntando com a força mediúnica e as bases da futura religiosidade foram se firmando. A Magia dos Pretos Velhos produzia os fenômenos de contato entre os planos. Usando seus conhecimentos das ervas e das resinas, os velhos escravos materializavam espíritos e faziam profecias dos acontecimentos e a cachoeira das crioulas passou a ser um ponto de irradiação de forças espirituais. Tanto os espíritos encarnados como os desencarnados iam se impregnando da Doutrina e formando falanges de futuros trabalhadores na seara do Cristo. 
Estavam, assim, em 1700 implantadas as raízes do Adjunto de Jurema no Brasil Colônia por aquelas antigas princesas, que se reuniram na Cachoeira do Jaguar a Pai João e a Pai Zé Pedro para delinear todo o sistema do Africanismo que chegaria até nós, no Vale do Amanhecer, para formação final do Adjunto de Jurema, na força do Jaguar.

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