27 de mar. de 2012

PAI JOAQUIM DAS CACHOEIRAS



PAI JOAQUIM DAS CACHOEIRAS

Salve Deus!
O ano era 1780, os cafezais, a cana de açúcar e o cacau eram sinônimos de riqueza no sul da Bahia. 
A feira de São Joaquim em Salvador era o ponto de troca e venda de todo tipo de mercadoria , ali além dos gêneros alimentícios , escravos trazidos nos Navios Negreiros eram expostos como qualquer outra mercadoria.
Germano Gonçalves Lêdo, proprietário da fazenda Barro Fundo, juntamente com sua jovem esposa estava a procura de mão obra para começar a colheita de cana açúcar e a secagem do café que já havia sido colhido . Desce da carruagem preta e juntamente com Maria Dolores começam a examinar os escravos que ali haviam chegado , vindo de Angola na Africa.
Depois de muito observar com alguns contos de réis levam um casal de escravos para sua fazenda. Um deles era um guerreiro que fora retirado e amarrado no porão do navio juntamente com tantos outros que foram levados ao Brasil. Também viera junto uma negra que seria a ama da filha de Dolores.
O Negro fora batizado a força e dado lhe o nome de Joaquim dos Santos. A negra recebera o nome de Isabel. 
Como a fazenda era muito grande havia dois capatazes de confiança de Germano. Antônio de Pádua, homem sisudo , convicto de sua obrigação e dava sua vida por seu patrão e Emanuel Assunção, um pouco mais jovem, porem com o mesmo sentido de responsabilidade.
Tão logo a filha de Germano nascera, Dolores entregou a filha a Isabel, que já tinha engravidado de um negro na senzala e ficara com a incumbência não só de cuidar de Ana Dolores, como também de ser sua ama de leite.
O tempo passou e Joaquim dos Santos já estava com quase setenta anos e Isabel além de cuidar dos filhos do coronel Germano era cozinheira da Casa Grande.
Aos capatazes ficava a responsabilidade de vigiar todas as ações dos negros na Fazenda , desde a colheita a seus rituais que de certa forma eram permitidos pelo Coronel.
A lua no céu prateada iluminava aquele Vale e a noite em seu manto escuro era cortada pelo som triste dos atabaques que rompia o véu do tempo propiciando o reencontro dos negros com seus ancestrais. Vez por outra Ana Dolores com uma maneira que não podia explicar se pegava na senzala assistindo aqueles negros dançarem ao ritmo daquele som envolvente. Muitas vezes acaba dormindo no colo de sua ama de leite a qual chamava carinhosamente de Mimica. E a Sinhazinha sempre pedia que sua ama de leite fizesse para ela quindim de queijo, e para deixa-la sempre feliz a negra velha sempre atendia os mimos de Ana Dolores.
Neste caldeirão cármico Emanuel o capataz mais jovem sentia uma paixão imensa pela Sinhazinha, mas não podia se declarar, pois o Coronel desejava que sua filha casasse com Doutor da cidade. 
Adiantando um pouco nessa história Joaquim dos Santos que era chamado de Quinzinho já velho e não conseguindo trabalhar na lavoura, foi lhe- dado a incumbência de buscar lenha para alimentar o imenso fogão da Casa grande, e não muito raro quando trazia algumas lenhas verdes era punido com algumas chibatadas. Mas o capataz mais velho, Antônio de Pádua, foi curado certa feita por Quinzinho e por isso afeiçoou se a ele profundamente. E o tempo foi passando quando o Coronel Germano determinou que o velho escravo Quinzinho fosse vendido em Salvador, pois não mais servia para casa, pois sua idade avançada não lhe dava condições de atender as demandas da Casa Grande.
Antônio de Pádua dirige-se a seu Patrão e acaba comprando o velho escravo, levando a viver em sua casa.
Emanuel não conseguindo o intento da união com a Sinhazinha, passa toda a sua vida em profunda tristeza.
Um dia Antônio acorda de madrugada e ouve os gemidos de Quinzinho e ouve as seguintes palavras:
Sinhôzinho Antoin, esse vèio não vai dar lhe mais trabaio, mas quero que vós-suncê fique sabendo que um dia voltaremos a nos encontrar...
Com o desencarne de Quinzinho fecha-se mais um ciclo existencial no processo encarnatório de um grupo de jaguares.
1985 , arredores de Planaltina DF, vale do Amanhecer. Depois de tentar encontrar respostas em vários lugares um senhor de mais ou menos 25 a 26 anos de idade chega a doutrina. Vinha com o intuito de testar a incorporação de uma antiga amiga. Mas antes passa com Pai Jacó nos tronos vermelhos. 
Pai Jacó ao receber aquele Senhor dirige-se ao doutrinador e lhe diz:
“Meu filho, hoje vou ganhar mais uma luz, por ter encontrado esse meu filho que agora está a minha frente”
Duas semanas depois não só o Senhor mas também sua esposa estavam desenvolvendo .
Ele médium de incorporação sente imensa dificuldade para conseguir desenvolver sua mediunidade. Naquela época havia o grupo seis que era composto por vários Doutrinadores que tinha muita ligação com Tia Neiva. Um desses instrutores chama o jovem Senhor que estava tendo dificuldades de incorporar e conversam muito tempo. Alguns dias depois já definido sua caminhada como Apará tem como Guia Pai Joaquim das Cachoeiras. 
No castelo do Apará Pai Joaquim das cachoeiras manda chamar o instrutor que havia conversado com aquele aparelho e lhe diz:
Meu filhos hoje quero lhe revelar uma coisa e lhe fazer um agradecimento!
_Salve Deus meu Pai, estou aqui a vosso dispor! Responde o instrutor:
Meu filho quero lhe agradecer por duas situações distintas e diferentes em que você esteve presente a este Preto velho!
Há muito tempo, desencarnei em seus braços e aqui neste local renasci por tuas mãos!
Quando o casal foi fazer sua elevação de espadas o mesmo Instrutor convidou os dois para serem seus padrinhos. Ele (Ajanã) padrinho e ela (Ninfa Sol) Madrinha. Depois de algum tempo aceitaram .
O Instrutor marcou com os dois para que fossem diante de Tia Neiva para reafirmar aquele compromisso. E assim aconteceu!
Tia Neiva disse ao instrutor: É meu filho agora não poderás dizer como Ditinho que não tem padrinho!
E também: Meu filho! Seu Padrinho ainda vai contar a você a história dele!
Meu filho. Você não sabe quem é esse Mestre! Só mesmo o Pai Seta poderá dizer!
Um dia em um trabalho em que estavam os três reunidos, Padrinho, Madrinha e o Afilhado, Pai Joaquim das cachoeiras contou essa história acima...

Observações: Existe uma falange imensa de Pai Joaquim das cachoeiras , cada Preto Velho assume uma roupagem de um de sua várias encarnações, mas como suas palavras certa vez perguntado quem ele seria, respondeu:
Sou o Pai Joaquim das Cachoeiras, mais um pouco do Aparelho!
Uma das grandes características de Pai Joaquim das cachoeiras e seu grande amor e sua capacidade de levar aqueles vão até ele uma paz imensa, onde suas palavras consegue desarmar corações endurecidos como um verdadeiro emissário do Cristo Jesus!

Gilmar
Ad Adelano

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